Reclusão por um tempo que não se sabe bem qual é. Redução drástica de interação social. Emoções à flor da pele (em tempo de acharmos que estamos enlouquecendo). Famílias desbaratinadas diante das novas rotinas impostas. Estamos falando de Coronavírus ou de Puerpério? Tantas semelhanças, né?! Já não bastasse toda a montanha-russa de viver uma fase tão delicada de transformações no nosso ninho e ainda somos arremessadas a todas as incertezas desse momento de mundo.

Pode ser que você esteja se sentindo mais ansiosa, com mais medo, com aquele nó na garganta típico da tristeza, ou com o estopim bem curtinho, explodindo a cada palavra direcionada a você (te mostrando que a raiva também anda por aí). Tudo isso é normal – e até esperado.

Se estamos sentindo, estamos, felizmente, vivas! Existe um aperto no peito sim. Existe angústia. Existe medo. Existe raiva. E existem todas as emoções acontecendo ao mesmo tempo. Mas queria te fazer um convite. Que tal ampliar o olhar? Em tempos de crise, expandir, sair das nossas certezas, experimentar o novo pode ser combustível para passarmos pelos desafios com mais leveza (aquela mesma da qual tanto falamos).

É que não é só sobre um vírus que se prolifera – e que nos escancara a nossa impotência diante de uma realidade da qual nunca tivemos nenhum controle sobre. É sobre uma metamorfose. Grande. Intensa. Profunda. E todos nós vamos ter que passar por ela, porque, simplesmente, não há como (ou para onde) fugir.

“Estamos indo de volta pra casa”, usando as palavras da Cássia Eller. Aquelas mesmas que ainda andavam bem bagunçadas com a chegada d@s bebês.

Para quem puder estar em casa, vai ser um tempo para estarmos ainda mais imersas no íntimo de nossos ambientes. E vai ser preciso olhar pela janela imensa que vai se abrir para nós. Como um chamado. Como uma oportunidade.

Se a gente não tem mais que correr para fora, podemos (re)fazer os vínculos de dentro. (Re)encontrar nossos espaços de conversas. Olhar, amorosamente, para essa nova família que se formou e que, por uma série de circunstâncias de mundo, pode não ter tido (ainda) um espaço-tempo de se encontrar. Papais – ou cuidadores secundários – que, por muitas vezes, estavam fora de casa, terão a chance de vivenciar as rotinas d@s bebês. Mamães – ou cuidadores principais – que andavam se sentindo sozinhas e desamparadas, terão a quem pedir ajuda.

Lidar com as nossas angústias nunca vai ser simples. Olhar para as nossas dores também não. Mas quando elas estão expostas e abertas, nos mostram que é, também, o momento em que estão prontas para serem curadas. Se o desequilíbrio andava sendo o melhor amigo do cenário da sua casa, eu sugiro que vocês (você e tod@s que estiverem junt@s agora) aproveitem a pausa. Respirem. Lembrem-se do que fez vocês estarem por aí.

É tempo de cuidado. De cuidado em família. De semear aquilo que vocês querem ver florescer no futuro. Nada melhor do que aconchego e recolhimento para isso. Então, aproveitem. Se abracem forte e demoradamente. Não tenho dúvidas de que abraços são sementinhas de cura.

E sobre o tempo em que estaremos nesse contexto incerto? Incorpore. Deixe que ele nos diga e nos ajude nas transformações que nossas metamorfoses vão nos trazer. É hora de estarmos em nossos casulos, seguramente e afetuosamente.

Estamos prontas para metamorfosear? Tenho que certeza que sim!

@marianselmo

Foto: banco de imagem

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