Criança é criança porque brinca, não é mesmo?! E isso é fundamental para a ela ser feliz, aprender a relacionar-se, a desenvolver seu lado cognitivo, emocional, a trabalhar autoconfiança e seu controle emocional. E as crianças são extremamente curiosas, porém não têm noção de perigo, não sabem o que podem ou não colocá-las em risco!

Cores, sons ou qualquer coisa, por mais simples que seja, pode chamar a sua atenção. Entretanto, as crianças são pequenas e frágeis e não têm ainda a capacidade de reação amadurecida, nem sempre afastando-se defensivamente de algo que lhe cause dor ou sofrimento. Por isso, pequenos acidentes com crianças podem ter impactos maiores.

Mas será que os acidentes acontecem por acaso? Sim! São eventos naturais. Há um ditado popular que diz que “basta estar vivo para morrer” ou para sofrer um acidente. Os acidentes podem ocorrer em qualquer idade, mas as crianças são mais vulneráveis. Eles não ocorrem apenas por descuido ou desatenção, até as mães mais atentas já viram seu filho sofrer algum tipo de acidente e, arrisco em dizer, que sentiram-se culpadas por isso muitas vezes.

Quando meu filho caçula tinha 1 ano e 2 meses, levou um tombo bobo enquanto fiquei de costas para ele somente para pegar alguns brinquedos espalhados no chão, exatamente para ele não cair. Desse tombinho, fraturou o bracinho e ficou quase um mês com gesso e eu morrendo de culpa todas as vezes que olhava para ele… O que quero dizer é que a qualquer momento nós ou nossos filhos podem se acidentar, porém, o fato dos acidentes serem comuns e ocorrem ao acaso, muitas vezes não significa que nada possa ser feito para evitar. Muito pelo contrário! É justamente por isso que deve-se estar sempre atento aos bebês e às crianças e observar alguns detalhes básicos que minimizam as chances de um acidente ocorrer.

Segundo o DATASUS (2016), o ranking das mortes de crianças e adolescentes até 14 anos no Brasil é liderado por acidentes de trânsito (34,6%), afogamento (24,5%), sufocação (22,1%), queimadura (5,6%), queda (4,9%), intoxicação (2%), dentre outras causas. Os dados para bebês de até 1 ano, mostram que a principal causa de morte é a sufocação.

Ainda é apresentado no mesmo estudo o ranking das internações de crianças no Brasil e as quedas são as maiores causas de internação (46%), seguido por queimaduras (18%), acidentes de trânsito (11%) e intoxicações (3%). Afogamento e sufocação praticamente não aparecem nos dados de internação, pois ou a vítima é socorrida em tempo hábil que não necessite de internação hospitalar, ou morre em decorrência do acidente, nem chegando sequer ao serviço de emergência.

Diante desses dados fica mais fácil pensar nos maiores perigos para as nossas crianças. O mais importante para prevenir acidentes com crianças é que eles estejam o tempo todo sob supervisão de um adulto. Uma criança nunca deve estar sob responsabilidade de outra criança!

Para reduzir a probabilidade de um acidente ocorrer é fundamental conhecer os riscos que cada situação oferece e os diferentes cuidados que cada idade exige. Enquanto a criança cresce o seu comportamento muda, sua curiosidade aumenta e os tipos de acidentes nos quais ela se envolve também variam.

Vejamos algumas situações de perigo e o que fazer para evitá-las:

⇒ ACIDENTES DE TRÂNSITO: Respeitar as leis de trânsito e praticar a direção defensiva já ajudam bastante a reduzir os riscos. O uso adequado e indispensável da cadeirinha pode diminuir os impactos no caso de uma colisão. É importante frisar que a cadeirinha ou bebê conforto devem ser usados para transportar a criança no carro, mas não devem ser usados para carregar o bebê fora do carro, devido ao risco de queda. Também não deve ser utilizada para dormir enquanto o veículo não estiver em trânsito, por conta do risco de sufocamento, caso o bebê fique com a cabeça caída e o pescoço muito dobrado (o que pode obstruir a passagem de ar).

Existem dispositivos que auxiliam no posicionamento da cabeça durante o transporte, mas retrovisores e espelhos auxiliares para visualização do bebê o mantém sob supervisão durante a viagem. É indispensável respeitar as recomendações para a escolha da cadeirinha ou bebê conforto ideal para o bebê ou criança. Sempre segurar a criança ao atravessar a rua pelo punho, pois é mais difícil soltar-se. Bicicletas, patinetes e afins devem ser utilizados em áreas seguras! Nunca na rua ou estacionamentos. Além de ser necessário o uso de equipamentos de segurança.

⇒ AFOGAMENTO: Nunca deixar uma criança sem supervisão direta de um adulto. Cercar piscinas. Não deixar dentro de casa baldes, tambor ou caixas d´água descobertas. Manter as portas de banheiros fechadas e sempre esgotar a água da banheira ou ofurô após o banho. Crianças podem se afogar mesmo no raso, já que não têm o reflexo de tirar a cabeça da água ou não sabem nadar. E mesmo crianças que saibam nadar, devem estar sob supervisão. Praticar natação tem vários benefícios e a prevenção de afogamentos é um deles.

⇒ SUFOCAÇÃO: Muito cuidado com sacolas, sacos plásticos, vasilhas ou panelas que a criança possa colocar na cabeça e ficar sem respirar. Vale lembrar mais uma vez que nem sempre ela terá o reflexo de tirar uma sacola da cabeça para respirar porque ainda não tem esse reflexo de defesa muito desenvolvido.

O engasgo também é muito comum com crianças. Objetos pequenos não devem ficar expostos perto de bebês e crianças pequenas que tendem a levar à boca, correndo o risco de engasgo. Brincos, peças pequenas de pulseiras ou colar (inclusive o colar de âmbar) podem oferecer risco de engasgo para os pequenos. Quanto aos bebês, devem ser colocados para dormir de barriga para cima, a fim de evitar a morte súbita que pode algumas vezes relacionar-se a engasgos ou sufocação durante o sono do bebê.

⇒ QUEIMADURAS: Observar a água do banho do bebê! Sua pele é delicada e uma água quente pode queimá-lo. Os termômetros para temperatura da água já sinalizam a faixa de temperatura ideal para o banho. Leite oferecido em copo ou mamadeira que tenha sido aquecido também pode causar queimaduras. Teste a temperatura antes e aqueça em banho-maria agitando gentilmente para não ficar aquecido de maneira heterogênea.

Atenção! Cozinha não é lugar de criança! Use grades na entrada da cozinha, prefira fazer uso dos acendedores de trás do fogão e mantenha cabos de panelas sempre para dentro. Muito cuidado também com o ferro de passar, inclusive com a tomada que podem causar queimaduras e choques. Ao passar roupa certifique-se de que as crianças não estão próximas e desligue e guarde o ferro em lugar seguro após o uso. Usar protetores de tomadas e jamais deixar carregador de celular conectado à rede elétrica e com ponta solta para evitar choques elétricos.

⇒ QUEDAS: Quedas são muito comuns com crianças. Bebês nunca devem ficar sozinhos em cima de móveis (cama, trocador, sofá), mesmo os recém-nascidos. Na banheira, deve ter cuidado para evitar queda. Com bebês mais agitados e que já estiverem na fase de pular uma alternativa é colocar a banheira no chão. Também é comum quedas de móveis como armários, estantes e televisão. Qualquer móvel que a criança possa puxar e cair sobre ela deve ser fixado para evitar esses acidentes. Proteção para quinas é necessário na fase de engatinhar, nos primeiros passos e quando a altura da criança a coloca em risco de trauma direto. Janelas e escadas devem sempre ser protegidas.

⇒ INTOXICAÇÃO: Produtos químicos como os de limpeza e medicamentos devem estar sempre longe do alcance de crianças. Todos os produtos de limpeza devem ser mantidos nos frascos originais. Muito cuidado com medicamentos com sabor agradável, pois pode chamar a atenção da criança e ela consumir dose excessiva de medicamento colocando-se em risco.

Essas situações de acidentes são as mais comuns no dia a dia com crianças. Mas vale sempre a pena fazer “um tour” dentro de casa e observar se tem alguma situação potencial de perigo e tomar as medidas cabíveis, que podem ser a fixação de um móvel ou televisão, colocar redes ou grades de proteção nas janelas, não deixar fios soltos ou atravessados dentro de casa etc.

O importante é antecipar o risco de perigo e solucionar. Estar sempre de olho nas crianças e ter treinamento de primeiros socorros, pois mesmo prevenindo acidentes, quando acontecer é fundamental manter a calma e saber socorrer!

Imagem: depositphotos

 

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