Por Mariana Anselmo

Você esperou por nove meses. Talvez um pouco mais ou um pouco menos. Você se preocupou com a alimentação. Mudou seu ritmo de trabalho. Preparou o enxoval. Lavou as roupinhas. Decorou o quarto. Você leu livros sobre temas que nem imaginou que existiam. Frequentou cursos. Fez yoga. Planejou o parto. Ou você não fez nada disso e decidiu que iria apenas observar a barriga, as expectativas – e os incômodos – crescerem. Durante este tempo de espera, você imaginou como seria quando o bebê chegasse. E fez muitos, muitos planos.

Mas, de repente, PUMBA! Estava lá você com um bebê nos braços. Recém-parida e tão recém-nascida quanto aquele serzinho que você aninhou na barriga (ou no coração – para aquelas mães que não geraram fisicamente) por tanto tempo. E aí você que tanto gostava de controlar a sua vida (sim, porque todas nós, bem lá no fundo, nos sentimos muito bem quando estamos no controle), se viu diante do maior desgoverno já vivido em toda a sua existência.

Falta tempo para comer. Para dormir. Para escovar os dentes. Falta tempo para se olhar no espelho. Para conversas que não sejam sobre fraldas, mamar ou dormir. E logo você, que tanto se preparou, se viu totalmente despreparada para viver o que o puerpério tinha para te apresentar.

PUERPÉRIO. A palavra é tão estranha quanto os sentimentos que esse momento traz para vida de uma família. Apesar de aqui eu estar falando especialmente para as mulheres, a verdade é que o puerpério é um momento de mudanças para todo um sistema familiar. Todo mundo precisa se reconstruir e encontrar seu novo lugar no mundo, diante daquele bebê que tanto demanda. É a hora em que a vida vira de cabeça baixo e que a gente não sabe bem quando – e nem se – ela vai desvirar.

As mães recém-nascidas, independentemente de ser a sua primeira vez nesse papel ou não, podem se culpar por todas as ambiguidades que sentem durante esse período que, pasmem, pode durar até 2 anos (e não só os 40 dias que a nossa cultura imediatista insiste em colocar como prazo).

São os hormônios que estão a toda, as preocupações que não param de rondar a cabeça, a privação de sono que enlouquece. É a morte-vida dessa nova mulher que vai se descobrindo e se descortinando todos os dias. Você ouviu por muitas vezes que a maternidade iria mudar a sua vida, mas nunca conseguiria imaginar a dimensão dessa mudança.

E quando todos os cuidados e as atenções se voltam para o bebê recém-chegado, quem é que olha para a mãe que, também, acabou de adentrar nesse mundo? Um abraço vai bem? Com certeza! Um olhar carinhoso e acolhedor? Mais ainda! Mães recém-nascidas precisam falar e serem ouvidas. Sem julgamentos. Sem palpites. A ligação de alma que acontece entre mãe e bebê nessa chegada precisa de muito amparo.

Nem só de bebês recém-nascidos vivem as maternidades. E você? Que tal cuidar de uma puérpera hoje?!

@marianselmo

Foto: Adriana Costa

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