Há um tempo atrás me perguntaram qual era a melhor forma de se tomar os medicamentos. Como farmacêutica que sou e por saber que existem muitas dúvidas em relação ao assunto, resolvi esclarecer essa questão.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o rótulo e a bula dos medicamentos devem transmitir todas as informações relevantes sobre o produto, além de conter informações obrigatórias sobre o medicamento, contribuindo assim para o seu uso adequado. No entanto, ainda há muitos questionamentos sobre a melhor maneira de tomar uma medicação, existindo também muitas crenças e maus hábitos que podem não só interferir na eficácia do medicamento, como também serem prejudiciais ao organismo.

Respondendo então à pergunta, a forma mais adequada de se ingerir um medicamento é com ÁGUA e, de preferência, com o copo cheio, fazendo com que o mesmo passe com mais facilidade pelo esôfago e tenha uma melhor dissolução.

Agora vamos esclarecer alguns mitos.

Normalmente, o vilão mais conhecido nessa associação é o álcool. E realmente aquela conversa de que medicamento não pode ser misturado com álcool não é apenas “papo” de profissionais da saúde. Essa combinação é muito prejudicial ao organismo e pode neutralizar (cortar o efeito) o medicamento e potencializar o efeito do álcool no organismo, sobrecarregando o fígado, uma vez que ambos são metabolizados por ele. Quando isso ocorre, o órgão não sabe qual metabolizar primeiro e perde um pouco da sua função. Como normalmente há um maior consumo de álcool, o fígado entende que essa é a prioridade e não concentra suas forças na metabolização do medicamento. Além disso, ele não consegue metabolizar todo o álcool, então, parte dele fica circulando pela corrente sanguínea e aumenta o estado de embriaguez.

Apesar do álcool ser o vilão mais conhecido, ele não é o único. Uma simples refeição pode prejudicar a ação do medicamento. Alguns medicamentos necessitam de ambientes ácidos para serem absorvidos com mais facilidade e o estômago é um ambiente propício para isso. No entanto, após a refeição, o estômago produz o suco gástrico e o local fica extremante ácido, o que pode eliminar os efeitos do medicamento. Além disso, a medicação compete com o alimento assim como com o álcool, o que acaba atrasando sua absorção.

O leite muitas vezes tomado com o medicamento e, principalmente, com antibióticos, também pode prejudicar os efeitos, por se tratar do alimento principal e o estômago entender que sua absorção é mais importante. Existe outro problema grave, ele muitas vezes compete com alguns medicamentos por fazer ligação com o cálcio, como é o caso dos antibióticos feitos à base de tetraciclina, que se liga ao cálcio (que também está muito presente no leite) e causa aglomeração, cortando ou diminuindo sua eficácia.

Então não se deve tomar nunca remédio com as refeições? Nem com suco, leite, café ou refrigerantes? Não é bem assim. Realmente ingerir em horários espaçados das refeições (cerca de 1 hora antes ou depois) garante uma melhor absorção medicamentosa, porém, a intolerância gastrintestinal pode ser maior se levarmos em consideração o teor de acidez dos medicamentos.

Cada medicamento é único e as recomendações também são bem específicas para cada tipo de remédio. Por isso, é tão importante seguir as orientações. As farmácias e drogarias são estabelecimentos de saúde e têm um profissional capacitado para dar essas orientações. Sendo assim, sempre consulte seu médico ou o farmacêutico antes de fazer uso do medicamento.

Vale ressaltar, ainda, que a automedicação é prejudicial e todo mundo sabe disso, mas ingerir um medicamento sem se preocupar com a orientação dele pode trazer danos irreparáveis.

Foto: banco de imagem

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