Quando recebi o convite para ser colunista no Blog das Mommys fiquei superfeliz, pois sou jornalista de formação e amo escrever. No entanto, há dezesseis anos não escrevia para outras pessoas que não aquelas que me são muito próximas. Dezesseis anos! Os mesmos dezesseis anos que se passaram desde que eu deixei o Brasil (e olha que quando vim embora eu dizia que seria, no máximo, por dois anos).

Quanta coisa mudou desde então. Me casei, tive duas filhas, fiz um mestrado, aprendi outra língua, aprendi a ser dona de casa… Ufa! E, de repente, aqui estou eu, colunista do Blog. Quanta alegria! E quanta responsabilidade! Todas sabemos que o Mommys é um grupo especial, e poder, de alguma forma, fazer parte disso é uma grande honra!

Vou começar, então, contando um pouquinho sobre a minha história para vocês.

Vim para a Suíça em 2002. Em 2007, quando descobri que estava grávida da Gabi, eu levei um BAITA susto. Estava namorando há dois anos, mas nem no meu mais longínquo pensamento, eu imaginava ter filhos naquele instante. Além de ainda não estar em situação regular aqui, eu não me via mãe; não me sentia pronta para ser responsável por outra vida, mas acolhi esta notícia, ou melhor, acolhemos esta notícia com muita alegria e amor. E naquele dia eu entendi que minha hora de ser mãe havia chegado.

Quem me conhece sabe como eu sou, ou melhor, como eu era. Tenho várias conhecidas e algumas amigas no Mommys e elas não me deixarão mentir: confesso que eu era uma menina mimada (mas não era chata não viu gente?!). Daquelas que não arrumava nem a cama. Aos 20 anos, eu ainda nem pensava nas questões práticas e essenciais da vida (como lembrar de comprar o papel higiênico, por exemplo). Então como é que eu poderia passar por 9 meses de gestação – a PRIMEIRA – longe da minha mãe? Como seria meu pré-natal em FRANCÊS, se eu ainda nem dominava a língua? Naquela época, nem plano de saúde eu tinha, mas já sabia quanto tudo aqui era caríssimo. E então? Quem iria pagar essa conta? Meu futuro marido não era um suíço loiro, alto, dos olhos azuis e rico não! Era um colombiano, latino-americano e duro, assim como eu.

Não foi fácil. Mas eu sempre me mantive firme nos meus propósitos e com a certeza de que, apesar das dificuldades, eu estava no local certo e na hora certa. Então, com o tempo, fui me adaptando à minha nova realidade, descobrindo e usufruindo tudo o que este país poderia me oferecer naquele momento. Montei uma enorme rede de apoio e fui aprendendo a ser mãe, mulher, dona de casa e profissional; tudo ao mesmo tempo, junto e misturado! Entendi que tempos ruins existirão em qualquer lugar do mundo, seja no Brasil, na Suíça ou em Marte, e que o importante mesmo é a maneira como encaramos estas situações e as lições que tiramos.

Aprendi a ver o lado bom de TODAS as ocasiões. Aprendi a amar e a valorizar minha família como nunca antes, e então, a partir daí, eu comecei a desfrutar da maternidade e a vivê-la plenamente “pelo mundo”.

A Suíça é um país muito confortável, onde tudo funciona, e isso já é um baita facilitador. E ainda tive a sorte de encontrar uma pessoa muito gente boa, com as mesmas aspirações que eu, e que topou ser meu parceiro nesta caminhada… O suíço/colombiano mais brasileiro que eu conheço!

Hoje, quando entro no meu túnel do tempo, percebo quanta coisa aconteceu. Vejo quanto aprendi e como as experiências da maternidade podem se tornar diferentes dependendo de onde você estiver (minha caçula está encerrando um ciclo de dois anos de fono: um dia contarei para vocês como acontece este acompanhamento em Genebra).

Espero que muito do que eu disser aqui possa agregar algo positivo na vida de vocês. Espero poder colaborar com as mommys que estão querendo deixar o Brasil e que, às vezes, têm inúmeras dúvidas em relação à maternidade longe da nossa zona de conforto, e, ainda, sobre questões mais práticas e burocráticas do país.

Espero também trazer dicas de passeios fantásticos para quem vier turistar neste lugar que passei a amar como minha casa. Enfim, teremos muito que conversar ao longo dos meus textos, e me coloco à disposição para abordar temas escolhidos por vocês! Fiquem à vontade, afinal, este espaço é nosso né?!

  • Algumas curiosidades sobre a Suíça:

– Existem quatro línguas oficiais na Suíça: Alemão (falado por 64% da população); Francês (20,4%); Italiano (6,5%) e Romanche (1%).

– A Suíça é um dos únicos países do mundo que possuem Democracia Direta, no qual qualquer cidadão pode propor modificações nas leis e na constituição do país.

– É proibido manter apenas um porquinho da índia em casa, você precisa adquirí-los em pares, sempre!

 

23 Comentários

  1. Uau… que bacana saber que estamos espalhadas pelo mundo!
    Lendo esse texto me senti empolgada para saber mais coisas… conte por que vc foi parar aí? Como lidava com a saudade da família e com a solidão? Como conheceu o marido? Como se legalizou? E essa história dos animais domésticos… todos Tem q ser em pares?
    Muito interessante conhecer outras culturas… já estou ansiosa para o próximo texto seu!!!
    Abraços calientes do Brasil!!!!

  2. Gente que lindo relato!! E concordo com você, as dificuldades e provações que teremos que passar na vida serão vividas em qualquer lugar que estejamos. Mas s vida é um presente, uma joia rara, não podemos desistir dela e nem de como ela se apresenta. Um grande abraço na família e esperamos por mais muito mais.
    Beijos
    Maria Tereza

  3. Uau… que delicia de relato.
    Contou a realidade com bastante bom humor.
    Adorei ler essa nossa blogueirinha do outro lado do mundo… quero saber muito mais… como vc chegou aí? Como Conheceu o marido? Como se legalizou? E o trabalho, vc faz o que? Como é a escola das crianças?
    Conte mais , escreva mais! Fale tbm sobre a cultura, educação… ahhh e sobre os pets tbm!
    Bjs brasileiros pra vc!!!

  4. O relato da Cristina Arango é realmente interessante afinal imagino que varias pessoas se identificarão. Eu por exemplo que também cheguei aqui nova e tive que incarar uma realidade diferente e amadurecer rápido!! Mas hoje sou feliz e realizada tenho a sorte de viver na Suissa um país que da a mim e a minha família segurança .. ótimo podermos escutar as blogueiras e dividir nossas experiências.. até a próxima .
    Obrigada Cristina

  5. Parabéns pela bela estreia – ou seria mais exato dizer reestreia, 16 anos mais tarde? Depois dessa introdução, tenho certeza de que as leitoras e os leitores estão ansiosos pelas histórias que você tem a contar. Um abraço!

  6. Que maravilha!
    Eu também tive minha primeira filha longe da minha família, mas nem tão linge como você. E, pelo menos, foi aqui no Brasil mesmo, onde falam a mesma língua que eu! Acho que isso já é uma grande vantagem! rsrsrs…
    Eu e meu marido temos muita vontade de morar em outro país e temos uma quedinha por Genebra!
    Mas tenho muita insegurança em partir em busca desse desconhecido, principalmente carregando uma filhinha de 3 anos junto…
    Vou acompanhar você, com certeza!
    Fico no aguardo de suas histórias e dicas!

    Adorei!!

  7. Ótimo relato, moro na Suíça também e me identifiquei muito com o texto…apesar de não ser uma mamãe, sou um papai (e dos bons) achei muito interessante o seu relato…fico no aguardo de um próximo texto…..abs

  8. Obrigada pelo seu comentário Maria Tereza!! Será um grande prazer dividir as experiências da maternidade aqui no blog!!! Grande beijo pra vc tbm e obrigada pelo carinho!!

  9. Obrigada pelas mensagens carinhosas gente!!! Será uma delícia compartilhar moinhas experiências com vocês!!!!

  10. Parabéns pelo texto e como também decidir me aventurar em outras terras vejo nesse relato várias semelhanças. A vida é cheia de surpresas mas quando saímos da nossa zona de conforto as surpresas são mais tocantes e desafiadoras. E aprender a lidar com isso, com as emoções e em não desistir dos sonhos e interesses, ainda mais dentro de um novo ambiente onde as diferenças são notáveis e o choque cultura persevera, só ajudar a enriquecer. Mais uma vez parabéns e ficarei aguardando ansiosamente pelos próximos textos!

  11. Cris, adoreiiiiii.
    É isso aí, são com as advercidades que crescemos. E realmente você vem se reinventando e crescendo a olhos vistos. Se tornou uma pessoa admirável e completa. Parabéns pelo texto. Bj grande.????

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