O dia amanhece e logo é hora de cheirar o cangote do filhote e abençoá-lo sutilmente, para não acordá-lo, antes de sair para o trabalho. Que vontade de ficar mais uns minutos ali! Mas o tempo urge e a agenda está lotada.
No caminho, a conversa com os colegas mistura casos sobre a empresa e as últimas artimanhas de um pequeno artista de um ano e meio. Chega a metade da manhã de um dia de semana normal. Reunião de emergência marcada de última hora, demandas urgentes e necessidade de muita agilidade na entrega. Trabalhar com reputação exige sapiência, atenção aos detalhes e um pensamento sistêmico e sinérgico. Conversa com um, capta informações, alinha com o outro e valida com o viés global. “Job” entregue e outras dezenas de demandas para resolver.
Tudo isso com o privilégio de atuar em uma área deliciosa de viver, cheia de desafios e processos intangíveis, que a gente capta no feeling e aprende a estabelecer critérios para mensurar. Enquanto a reunião por Skype acontece, o celular toca para outra demanda e outras tantas chegam no whatsapp e e-mail. De colegas de trabalho, de áreas demandantes, do marido, da família, da babá.
Bom mesmo é assim, com emoção. Nos trabalhos de comunicação interna, a delícia de sentir e ver de perto os efeitos das campanhas e ações. Nos de externa, a gostosa ansiedade sobre as repercussões. E nos milésimos de segundo de transição de uma atividade para a outra, um quentinho no coração relembra a madrugada em casa, em que o filhote chorou porque queria dormir coladinho e sentir o cheiro da mamãe.
Pausa para o almoço e para dar uma espiadinha na câmera e matar um pouco da saudade. Mais reuniões e alinhamentos. Updates, calls, estimativas de budget e todos os “jargões corporativos” marcam presença na rotina junto à preocupação da vacina que está alguns dias atrasada e a fralda que está quase acabando.
Missão cumprida no trabalho, volta para casa. Uma passadinha na farmácia, ligação para a secretária do pediatra e a comidinha saudável o papai já levou. Hora de voltar para o lar, pé mais fortinho no acelerador para receber o abraço mais esperado do dia.
Carinho, beijos, o melhor sorriso e o abraço triplo na chegada do papai. Brinca, brinca, brinca, corrige, ensina, brinca um pouco mais. Hora do sono. Historinha, abraço quentinho, sono conjunto (ou mais algumas horinhas de trabalho para o que não deu tempo ao longo do dia). Madrugada adentro e, no dia seguinte, começa tudo de novo.
A rotina da mãe (e sim, também do pai) que trabalha fora é assim, cheia de preocupações e busca por equilíbrio. É um misto constante de prática e teoria, de exercício de dedicação integral a várias coisas simultaneamente e, muitas vezes, de esquecimento de si própria como ser humano. É desafio diário de sanidade e prazer. É celebrar conquistas dentro e fora de casa. É amor que não acaba mais – pela profissão, pela família, pela vida e por aí vai…