Acontece neste domingo, dia 24 de fevereiro de 2019, a 91ª cerimônia do Oscar: a mais conhecida e antiga premiação do cinema. Além das 24 categorias, o Oscar também possui três premiações especiais a indivíduos que contribuíram de forma bastante significativa com a indústria cinematográfica. Mas hoje, vamos falar da categoria mais relevante e cobiçada da noite mais glamourosa de Hollywood: O Oscar de melhor filme.

Concorrem neste ano, ao Oscar de melhor filme, os seguintes indicados: A Favorita (The Favourite) e Roma (Roma) com 10 indicações, Nasce uma Estrela (A Star is Born) e Vice (Vice) com oito indicações, Pantera Negra (Black Panther) com sete indicações, Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman) com seis indicações, Bohemian Rhapsody (Bohemian Rhapsody) e Green Book – O Guia (Green Book) com cinco indicações. Poderia tecer aqui, a sinopse de cada um deles. Porém, vamos apenas mostrar porque estes filmes devem ser assistidos.

Apesar de Pantera Negra e Nasce uma Estrela serem obras ficcionais, ambas conseguem estabelecer uma identificação direta com quem assiste. Pantera Negra, por exemplo, chegou quebrando paradigmas e revelou uma importância social jamais mostrada em um filme do gênero, mesmo não sendo pioneiro neste quesito. Afinal, todo mundo quer um super-herói para chamar de seu. Trouxe com o seu elenco majoritariamente afro-americano, a diversidade e representatividade que faltava ao cinema. E este não é o seu único feito. É a primeira vez que um filme de super-herói consegue alcançar uma marca de sete indicações ao Oscar, incluindo o de melhor filme.

Em Nasce uma Estrela, a identificação com o público se repete: uma garçonete que sonha em ser cantora. Quem nunca? Prova disso, é que o filme original de 1937 já foi refilmado três vezes. Em 1954, com Judy Garland no papel principal; em 1976, com Barbra Streisand e agora, em 2018, com Lady Gaga, que chegou arrebatando corações ao som de Shallow . Além de uma fotografia impecável, há ainda um motivo mais importante para ver o primeiro filme dirigido por Bradley Cooper: sua trilha sonora. Além de firmar Lady Gaga como um ícone da música pop de sua geração, temos a agradável surpresa, que, fora ator e diretor, Cooper também sabe cantar. E encantar, é claro. (rsrsrsrs)

Infiltrado na Klan de Spyke Lee e Green Book – O Guia, de Peter Farrely, são baseados em histórias reais. Eles podem até ter menos indicações, mas são os meus favoritos. O primeiro traz, sem dúvida, o melhor roteiro adaptado entre todos os indicados. Imagina a cena: um policial negro infiltrado na Ku Klux Klan recebendo a ajuda de um amigo judeu. Como se não bastasse este enredo, o filme ainda traz uma mensagem indireta ao atual presidente dos EUA, Donald Trump, do diretor veterano Spike Lee, que é sem dúvida, um dos maiores ativistas negros do cinema americano. Uma perspectiva da situação dos negros no país, desde os anos 60 aos dias de hoje.

Do outro lado, temos um filme de Peter Farrely, conhecido por dirigir películas de conteúdo politicamente incorreto. Em janeiro deste ano, o diretor de Green Book ganhou as mídias sociais depois que um ocorrido durante as gravações do filme Quem quer ficar Mary? de 1998, ganhou força. Na época em questão, Farrely teria mostrado suas “partes íntimas” para os colegas de trabalho. Além disso, outro fato que pode prejudicar a obra na corrida pelo Oscar, é o post preconceituoso do roteirista Nick Vallelonga, que foi resgatado do Twitter, no qual ele insinuava que mulçumanos teriam comemorado a queda das Torres Gêmeas em 2001. Apesar de toda polêmica, o filma fala da amizade entre um motorista ítalo-americano e um pianista afro-americano, em meio aos conflitos raciais existentes na década de 60. Outro triunfo do filme é a atuação de Viggo Mortensen, que concorre ao Oscar de melhor ator coadjuvante e Mahershala Ali, indicado ao Oscar de melhor ator.

Mas o grande queridinho do público é, definitivamente, a cinebiografia de Freddie Mercury, vocalista da banda Queen. Bohemian Rhapsody possui cinco indicações, com destaque para Rami Malek, que concorre ao Oscar de melhor ator. Apesar de não retratar a vida do astro de forma fiel (sobre a formação e fim da banda; seus amores e a relação de Freddie com a Aids), o longa firma sua qualidade na trilha sonora, principalmente na representação do show Live Aid, em Wembley em 1985. Impossível não cantar e batucar ao som de “We Will Rock You”. Apesar do playback, Malek foi profundamente feliz no visual e trejeitos de Mercury, mas, independente do trabalho intenso do ator, o clima do filme é mais de diversão do que comoção. Faltou um pouco de emoção e empatia pelo astro. Um problema mais de roteiro do que de interpretação. Afinal, estamos falando do Queen, uma banda totalmente à frente do seu tempo e que chocou e guiou toda uma geração contra o sistema.

Já no caso de Vice de Adam McKay, o que segura um filme é a interpretação dos atores, que tem no elenco: Christian Bale, Amy Adams e Sam Rockwell, todos concorrendo ao Oscar em suas respectivas categorias. Mas o destaque vai para Christian Bale, que mais uma vez se transforma radicalmente para interpretar um papel, agora como Dick Cheney, um dos vice-presidentes americanos mais poderosos de todos os tempos. Contudo, o triunfo não é só de Bale. O filme concorre também ao Oscar de Cabelo e Maquiagem. Apesar da pouca representatividade – somente homens brancos e apenas uma mulher – Vice, aposta também na reflexão. Prova disso é a cena em que o diretor usa uma analogia à pesca no momento em que Cheney fisga o presidente Bush, lhe concedendo mais poderes. Mesmo sendo uma comédia, é necessário atenção. A complexidade das falas e do roteiro pode trazer confusão.

Apesar das diferenças, A Favorita e Roma, possuem muito em comum. Além de possuir 10 indicações cada, as duas obras focam na relação de poder entre mulheres. Na primeira, o diretor Yorgos Lanthimos narra a história real de duas mulheres que disputam o cargo de confidente da rainha Anne, interpretada por Olivia Colman. Para isso, ele conta com um trio espetacular de atrizes. Além de Colman, indicada ao Oscar de melhor atriz, temos também as ganhadoras do Oscar Rachel Weisz e Emma Stone, que concorrem juntas ao prêmio de melhor atriz coadjuvante (é isso mesmo. A vida imitando a arte). O que mais chama atenção para a obra é o seu humor sarcástico. Ao mesmo tempo em que as ações das personagens podem causar incômodo, elas podem causar identificação. Afinal, para se ter o poder, o que somos capazes de fazer?

Em contrapartida, temos a grande surpresa da noite. Não por suas indicações, afinal, Roma é merecedora de cada uma delas. Mas é a primeira vez que um filme, produzido pela Netflix, concorre ao Oscar de melhor filme. Dirigido pelo ganhador do Oscar de 2014, por Gravidade, Alfonso Cuarón aposta em dois temas polêmicos: o preconceito de classe e o preconceito de etnia. Além de ser um filme estrangeiro (mexicano), o filme trás ainda em seu elenco, o primeiro trabalho de Yalitza Aparicio como atriz. A professora indígena de origem Oaxaqueña que despertou a ira de outros atores e diretores de seu país por sua indicação ao Oscar de melhor atriz. Pelo visto, o complexo de vira-latas é uma norma em países da América Latina, infelizmente. Filmado em preto e branco, Roma possui também uma fotografia impecável, uma direção de arte de tirar o fôlego e, sem dúvida, o melhor roteiro original. Apesar de não ser o meu favorito, existe algo que faz com que a gente torça por Roma. Não só pelo filme, mas pela essência por trás da história: a identificação de um momento que estamos vivendo hoje. Acredito que não será a primeira vez que um filme produzido por uma plataforma de streaming ganhará o prêmio mais cobiçado da noite. E o de melhor filme estrangeiro? Bem provável. Se é um filme de arte, ainda não se sabe. Mas é simples e complicado ao mesmo tempo. O verdadeiro retrato da vida.

PS: Mesmo não tendo a mesma repercussão dos indicados ao Oscar de melhor filme, A Esposa chega com uma grata surpresa: Glenn Close, que concorre ao Oscar de melhor atriz. Ela já foi indicada seis vezes ao prêmio, porém sem sucesso. Mas no que depender de nós, essa estatueta já é dela. E quando se trata de torcida, nós temos o poder. Leonardo DiCaprio que o diga (rs)!

Para conhecer melhor os bastidores, os indicados e todas as surpresas que o Oscar tem a oferecer, acesse: https://www.termometrooscar.com/.

E não se esqueça, dia 24 de fevereiro de 2019, a partir das 20:30 horas, na TNT.

Crédito da foto: banco de imagens

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios estão marcados *

Postar Comentário