Nasci de um sonho de menina. Minha mãe conta, desde que posso me lembrar, sobre o sonho que teve aos quinze anos, onde me conheceu. Nos
encontramos pessoalmente quase dez anos depois, em outubro de 1986.
Meu nome deveria ser Luiza, escolhido no sonho. Por acaso – ou não – meu pai chamava-se Luiz. Quando ele foi fazer meu registro, decidiu homenagear minha mãe, de surpresa. Dessa forma, fui batizada como Déa Luiza, nome que já me rendeu conversas divertidíssimas.
Minha mãe, uma mulher preta, filha de uma goiana e um baiano, uma entre seis irmãos. Formou-se pedagoga no mesmo dia em que minha filha mais
velha completou um ano de vida. Ser sua filha me fez sonhar em ter filhos também.
Ninguém imaginava que eu pudesse ser autista e todo o combo de neuro divergências que possuo. E ainda muito pequena, comecei a escrever, na
tentativa de organizar o caos que me habita. Eram diários e mais diários, redações imensas, bilhetes, papéis por toda parte.
Certa vez, numa tarefa de casa, eu precisava escrever um poema sobre formas geométricas e estava achando entediante.
Rabisquei qualquer coisa, apenas para me livrar. Minha mãe estava na cozinha lavando a louça do almoço, era um domingo. Li meu poema
preguiçoso para ela, que me disse:
– Se você quiser entregar assim, tudo bem. Mas eu te conheço e sei que pode fazer melhor.
Ela sabia me provocar. Conhecia a potência guardada em mim. Fiz de novo e de novo. Até que tornou-se um desafio pessoal, o que resultou em um
poema que foi muito elogiado. Mas, para além dos elogios, a confiança que ela demonstrava ter em mim e a admiração pelo que eu fazia, resultaram em autoconfiança e despertaram em mim o prazer em experimentar o processo da escrita.
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