“…você tem tanta paciência com a Alice!”. Foi a frase que salvou meu dia. Para entender melhor a razão disso, vamos voltar um pouco ao início da manhã de hoje. Confesso que acordei mais ansiosa do que de costume. Uma preocupação exacerbada com coisas que, definitivamente, não estão ao meu alcance foi tomando conta de mim. Os pensamentos estavam tão acelerados que não me deixavam fazer aquilo que eu precisava.
Geralmente, costumo acordar antes da Alice, tomar meu café da manhã tranquilamente, ler um livro e fazer algumas coisas da casa. Hoje, a falta de foco era tanta que nem as últimas páginas do livro consegui ler. Sentei no sofá e fiquei olhando para o nada, quando escutei um doce “Mamãããe!!!”. Era a Alice acordando toda bem humorada e disposta a brincar. Se fosse outro dia, eu já iria me jogar na cama dela, enchê-la de beijos e começar alguma brincadeira despretensiosa. Hoje não, eu só queria um abraço bem apertado e um beijo bem demorado.
Ao longo do dia, fui notando que a minha paciência e disposição para brincar foram se esgotando. Com isso, a Alice também foi ficando desconcertada, me chamando ainda mais e fazendo de tudo pela minha atenção. Até que chegou um momento, do qual não me orgulho, que disse o seguinte: “Alice, a mamãe não aguenta brincar o dia todo sem parar, eu também quero fazer coisas de adulto!”. Não houve gritos, mas, definitivamente, não houve o carinho e o respeito que ela merece. Me senti a pior mãe do mundo por falar com minha pequena de forma tão injusta.
Corri para o chuveiro, deixando a porta semiaberta caso ela precisasse de mim. A água que caía dele ia misturando-se com aquela que saía dos meus olhos. Me senti fraca e impotente por não ter lidado melhor com aquela situação. Por ser a “adulta” da relação, deveria ter me esforçado mais para agir de forma madura e emocionalmente inteligente. Hoje, não consegui. E me doeu muito. O que restava fazer era pedir perdão para a Alice e, de alguma forma, tentar explicar o ocorrido.
Após termos nos reconectado e abraçado fortemente, lembrei-me de uma consulta dermatológica que deveria ocorrer na parte da tarde. Por sorte, o agendamento já havia sido feito há alguns dias. Caso contrário, minha vontade era de deitar e ficar com o rosto coberto o dia todo. Lá fomos nós. A Alice ficou bem tranquila durante a consulta. Eu também já estava bem melhor. Depois de conversar bastante com a médica, muito querida por sinal, ela me disse o seguinte: “Nossa, fico impressionada como você tem carinho e paciência com a Alice! Você é uma excelente mãe!”.
De repente, me veio em mente como nosso dia-a-dia é, como dou o melhor do meu melhor para que a Alice cresça saudável, bem cuidada, feliz e amada. Foi aí que percebi que um dia (ou outro) mais nebuloso não é capaz de ofuscar uma vida ensolarada e colorida. Dias nublados servem para nos lembrar que somos vulneráveis, imperfeitos e estamos em constante aprendizado. Não somos mães de comercial de margarina. Somos melhores; somos reais!