Há um velho ditado que diz: “a culpa nasce junto com a mãe”….
Segunda filha. Me preparei duplamente, parto natural na água tão sonhado e conquistado e agora vêm a parte difícil novamente: a amamentação.
Eu não venho aqui exaltar o uso de fórmula ou mamadeira, e cordialmente dispenso cada pergunta ou comentário maldoso, para evitar que toquem nesta minha ferida. Muito longe disso, eu venho desabafar mesmo, se me permitem, e ao mesmo tempo trazer identificação e acolhimento a tantas mães que neste mesmo momento amamentam seus filhos escondidas, por vergonha, por culpa, ou até mesmo por dor.
Cada um sabe o trajeto percorrido… Por aqui, no primeiro filho, eu percorri todos os possíveis e passei do limite, reconheço. Ao ponto de, gradativamente, vê-lo perder peso, tudo buscando a amamentação exclusiva. Dói a mim, dói ao pai, rever fotos dele tão magro. Mas “menina é diferente, mama menos e tudo vai dar certo”, seguia eu com o mantra.
Não comprei mamadeira, li muito mais sobre, assisti vídeos e reservei uma grana para contratar uma consultora de amamentação. Pega correta (conferida por muitas profissionais), leite saindo, mamãe por conta, nada de complementar, bebê mamando, mamando, mamando… E, não engordava.
Novamente a história se repetia, segui as orientações e a bebê crescia e não engordava. E, quando engordava, era muuuito pouco.
Olhei para aquele rostinho e corpinho, magros, pele seca, fraldas secas e tudo mais que eu já havia visto antes. Não era novidade, me restava parar no limite dessa vez e me render a minha derrota pessoal. Eu não consegui amamentar exclusivo!!! A tristeza tomou conta novamente, a culpa de não dar 100% o melhor à minha filha, que é de modo inquestionável o leite materno.
A decisão dolorida de complementar, na mamadeira mesmo, pois como relatei antes, as possibilidades já haviam sido tentadas.
Eu nunca achei que dar mamadeira fosse o caminho mais fácil. Odeio lavar e esterilizar mamadeira, sei o peso no orçamento mensal do custo de uma fórmula e confesso, morro de vergonha de dar a mamadeira em público e ainda ter de responder as perguntas ou comentários acerca.
Dói…
Mais uma vez me vi afastar de pessoas e grupos favoráveis à amamentação por vergonha.
Queria eu ser a mãe perfeita, poder amamentar exclusivo, somente acalentar e ofertar no meu peito o melhor à minha filha. Mas por hora, sou a melhor mãe do mundo segundo as palavras do meu filho de 7 anos, e sigo na vergonha e derrota pessoal da complementação.
Dói…
Porém, dou graças a Deus pelos que não julgam, respeitam. Por Deus me honrar em ter condições de proporcionar a fórmula e, principalmente, ver minha filha saudável.
Decidi fazer esse desabafo como forma de me libertar desse “peso”, e começar a partir daqui a aceitar a nossa história que veio com umas mamadeiras de acessório.
Antes de julgar uma mãe que oferta uma mamadeira, a acolha! Ou, no mínimo, a respeite, pois por trás desse “acessório” pode ter muita dor.