Quando nos abrimos para o exercício de uma parentalidade positiva, nos deparamos com um importante pilar que é o educar sem punir. E nesse processo, a gente se divide entre o medo de ser permissivo e o equilíbrio tênue da firmeza e gentileza. E então, caímos em uma cilada ao tentar aplicar as consequências lógicas.

Ao fugir da permissividade facilmente aplicamos o castigo travestido de consequência lógica. E a linha tênue disso está em você se questionar o que a criança está pensando de fato ao receber uma punição. Fato é, que a formação de crenças vindas destes pensamentos quando punidos, fazem não só o comportamento desafiador se repetir enquanto criança, como a conta chegar mais cara na adolescência.

A partir da punição, o sentimento de ressentimento, retaliação, rebeldia ou recuo (em forma de dissimulação ou baixa autoestima) passam a reinar nas decisões tomadas por instinto na vida de seu filho. E essa conta chega em forma de depressão, drogas, baixa autoestima, dificuldade de socialização e por aí vai.

É importante lembrar que a punição funciona para uma solução imediata de conter o mau comportamento por medo, e isso não tem nada a ver com respeito, nem gera habilidade de vida. É possível (e essencial) ser autoridade sem ser autoritário.

Ao tentar sair do autoritarismo enraizado de gerações em gerações, percebo muitos pais sentirem a necessidade do uso da consequência lógica pelo fato da necessidade de se resolver algo impondo a sua vontade. E o meu convite é que você carregue com essa vontade uma premissa: para a consequência lógica fazer sentido no educar, é necessário que seja através de uma experiência de aprendizado útil. E, para isso, Jane Nelsen traz uma dica valiosa no checklist desta consequência: para fazer sentido, ela precisa ser Relacionada, Respeitosa, Razoável e Útil (3R’s e 1U).

Para ficar claro esse novo olhar para uma relação respeitosa, firme e gentil, deixarei um exemplo trazido por um grito de socorro no grupo Mommys dia desses. “Meu filho destratou a funcionária de casa e agora, qual a consequência lógica disso?”. E, para traçar este caminho, antes de seguir a preciosa dica de Jane dos 3R’s e 1U, vale pensar: se eu adulto tivesse destratado esta mesma funcionária, qual seria o caminho? Muito provavelmente você dirá: me desculpando e comprometendo comigo mesma no meu autocontrole e respeito da próxima vez.

E por que quando sugerimos isso como consequência lógica na condução com um filho, isso é visto como banal? Isso ele tem que fazer obrigatoriamente? Como? No automático porque você mandou ou esse pedido de desculpa pode ser sincero, genuíno e de fato fazer sentido para quem o faz? Esse caminho interno do filho é construído, nele e por ele… Pais são guias e não cabe imposição! A diferença existe e é gritante! Pedir desculpa só “para constar” é o que mais vemos por aí…

E você, qual habilidade de vida quer ver em seu filho?

@vidaasete

Foto: AdobeStock

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