Como foi colocar meus filhos em escolas holandesas

Confesso que colocar meus filhos em uma escola holandesa foi uma das coisas mais complicadas da mudança. Já começando pelo fato de que fiquei bem tensa, pois não seria possível colocar os dois na mesma escola, uma vez que eles têm uma grande diferença de idade: Júlia com 10 e João com 4.

Meu marido veio um mês antes de nós e, mesmo antes de vir, já tinha feito inúmeras pesquisas, entrado em contato com as escolas, procurado informações e escolhido o melhor para nossos filhos: uma escola pública diferenciada e que tivesse uma abordagem internacional (esse é um processo novo nas escolas públicas. Essa abordagem antes era exclusividade de escolas particulares e bem caras). E, como estávamos vindo de fora, esse foi um dos critérios que resolvemos adotar para fazer nossa escolha.

Pelo fato de Eindhoven (cidade em que moramos) ser um polo industrial e tecnológico e receber um grande fluxo de expatriados, temos opções de escolas com essa abordagem internacional, ou seja, elas estão preparadas para receber crianças de outras nacionalidades e ensinam tanto em inglês, quanto em holandês. Além disso, preparam-nas também para serem inseridas na vida da comunidade holandesa.

Na semana antes do Natal tivemos uma entrevista na escola do João, o mais novo. Estava chovendo (já comentei que aqui ‘é chovendo’? Mas não é chuva igual do Brasil, é chuvisco chato, que não chega a molhar roupa. Molha cabelo, molha rosto, incomoda… Mas sempre chove, quase todo dia) e, chegando na escola, bem na hora de um dos recreios, me deparo com as crianças todas felizes brincando na CHUVA. Sim, na chuva. Todas molhadas, brincando na chuva. Quase caí dura ali, antes de entrar na escola. Claro que meu marido já teve a primeira crise de riso. Sim, eles brincam na chuva, na neve, no frio de rachar. Afinal, aqui é assim né? Mas juro, ali eu queria voltar… Deixar meu ‘bebê’ brincar na chuva??? Como assim?

Detalhes à parte, as escolas aqui são incrivelmente maravilhosas! Coloridas, diferentes, tecnológicas e, ao mesmo tempo, lúdicas e de antigamente. Meus filhos foram muito bem acolhidos, com muito carinho, o que me deixou muito segura e feliz.

Estou realmente encantada e meus filhos também. Eles já sabem muitas palavras em holandês, e João, várias em inglês também. A Júlia ja tinha uma inserção no inglês, então, para ela, essa parte está um pouco mais tranquila.

A interação dos professores com as crianças também é diferente. É bem mais aberto e leve. Não é aquela coisa engessada, tudo igual, todos fazendo a mesma coisa. Você chega nas salas e algumas crianças estão lendo, outras no laptop (todas as crianças têm seu próprio laptop na escola, daqueles pequenos, ou tablet) e outras nem estão na sala. Estão fazendo outro tipo de atividade fora da sala. E tudo funciona incrivelmente muito bem.